A "velha" Briosa também aposta forte na formação
Américo Sarmento
Em Coimbra existe um caso único no futebol português: dois "clubes" ostentam o nome de Académica e partilham o mesmo emblema, a Associação Académica de Coimbra/Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF) e a Associação Académica de Coimbra/Secção de Futebol (AAC/SF).
Uma singularidade que se explica pela História. Logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, a Academia coimbrã votou a dissolução da Secção de Futebol, sob pretexto de falso amadorismo. Mas, para que a Briosa não desaparecesse, criou-se o Clube Académico de Coimbra. Anos depois, o clube voltaria a ser Académica, o actual Organismo Autónomo. Mas, em 1977, a Secção de Futebol tinha sido reactivada, para permitir aos universitários praticarem a modalidade, com uma equipa sénior a competir no Distrital de Coimbra, onde ainda se mantém.
No ano passado, porém, a AAC/SF deu um grande passo, ao criar o departamento de formação, com equipas de Juniores C e B, Infantis, Benjamins, Traquinas e Petizes, o que permite, hoje, a prática do futebol a mais de 200 jovens. Contudo, esta iniciativa também seria criticada por muitos academistas, que entendem que só a AAC/OAF devia fazer formação na área do futebol. Há duas semanas, aconteceu mesmo o facto inédito e histórico de as duas Académica se defrontarem para o Nacional de Juniores C.
"Temos boas relações com o OAF. Têm vindo jogadores de lá para cá e também já demos um jogador ao OAF", comenta o presidente da secção de Futebol, Rui Pita. "Não há dúvidas, somos todos Associação Académica de Coimbra", diz o responsável. A criação do departamento de formação deve-se à imposição de "todos os clubes com seniores terem de fazer formação", argumenta, mas também porque "permite receitas financeiras, pois os pais pagam para os filhos jogarem". E com sucesso, pois os Juniores C chegaram ao Nacional e a Juniores B devem conseguir o mesmo feito na presente época.
Luís Freixo é o treinador da equipa que se estreou no Nacional. Mas treina orienta as duas formações, a A e B, e considera que "está sempre tudo em aberto para todos poderem jogar numa ou outra equipa".
Para este ex-jogador profissional da Académica, a Secção de Futebol representa "a velha" Briosa, e entende que há espaço para as duas Académicas. Afinal, são "irmãs", com origem na mesma casa.
